quinta-feira, 26 de abril de 2012

O mármore de Estremoz

Das imagens de marca que Portugal disponibiliza ao Mundo, os Mármores de Estremoz estão entre as mais conhecidas. A excelência evidenciada pelas variedades cromáticas mas também, e cada vez mais, pelas suas propriedades físico-mecânicas, em função de constrangimentos de mercado, colocam os Mármores de Estremoz entre os melhores do Mundo, sejam quais forem os parâmetros comparativos que se utilizem.O anticlinal de Estremoz corresponde a uma estrutura simétrica com um núcleo precâmbrico a que se sobrepõe uma Formação Dolomítica de idade câmbrica inferior, os mármores calcíticos explorados como rocha ornamental ocorrem intercalados no Complexo Vulcano-Sedimentar-Carbonatado de Estremoz onde constituem a maior parte do volume. A sequência completa-se com xistos negros e liditos, por vezes com graptólitos, de idade silúrica. Esta sequência tem equivalência litológica com a que ocorre na Green Mountain, no Estado de Vermont – EUA. Esta correspondência transporta-nos para uma evolução geodinâmica de abertura e fecho de oceanos que não podemos retratar neste pequeno texto.A extracção deste recurso remonta, pelo menos, ao Período Romano existindo, ainda, preservados vestígios desta actividade com mais de dois mil anos. O indício mais antigo reconhecido da utilização dos mármores na região alentejana, data do ano 370 a.C. e consiste numa lápide mandada executar pelo capitão cartaginês Maarbal, na sua viagem de Faro para Elvas, que foi descoberta por Túlio Espanca em Terena - Alandroal. É interessante referir que no Séc. I, tendo os Romanos já adquirido experiência na extracção e transformação de mármores em Itália, rapidamente reconheceram o valor dos mármores alentejanos passando a utilizá-los sistematicamente na arquitectura peninsular, tanto em edifícios públicos como particulares. Aos olhos de um leigo poderia parecer que assim não seria e que eles teriam trazido os seus mármores para a Península Ibérica, no entanto a análise comparativa entre isótopos de carbono e oxigénio permitiu, sem qualquer dúvida, afirmar que, por exemplo, na edificação do Templo Romano e de outras construções romanas de Évora, os mármores encontrados provieram do anticlinal de Estremoz.




Fig 1 - Pedreira em Estremoz.


O mármore de Estremoz é actualmente conhecido internacionalmente não só pela sua qualidade mas por ser muitas vezes considerado o "substituto" do extinto mármore de Carrada.

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